A inflação tem "castigado" muitos portugueses e famílias, está tudo mais caro e sentimos que não conseguimos sair do supermercado sem um sentimento de injustiça e de impotência.
Mas sabe o porquê? E no que consiste a inflação? É o que vamos esclarecer de seguida.
Segundo a explicação do Banco de Portugal, inflação refere-se “à variação dos preços dos bens (como vestuário ou eletricidade) e dos serviços (como cortes de cabelo ou viagens de avião) consumidos pelas famílias ao longo do tempo.” Ou seja, é quando os preços dos bens e serviços aumentam ao mesmo tempo e de forma continuada.
Nota: é importante não confundir com o aumento de preços de alguns produtos em específico — isso acontece sem estarmos num período de inflação. Falar de inflação é fazer referência à medição feita em função da média da despesa dos consumos das famílias (que podem ser de consumo diário ou serviços).
A inflação afeta a todos. Basta pensar que influencia o valor do montante que tem na sua conta bancária. Como sinaliza o Banco de Portugal, “o dinheiro só mantém o seu valor ao longo do tempo se os preços não aumentarem muito”. É por isso que é importante controlá-la, para manter os preços estáveis em benefício da economia, e que o Banco Central Europeu (BCE) tem por objetivo uma inflação de 2% no médio prazo na zona Euro.
A menos que os seus rendimentos aumentem, a causa-efeito da inflação é que estará mais pobre — ainda que esteja a ganhar exatamente o mesmo. O dinheiro a entrar na conta é o mesmo, mas como tudo está mais caro, o peso na carteira é como se estivesse a receber menos salário.
No entanto, há maneiras para combater a inflação sem estar à espera dos efeitos das medidas dos bancos centrais e do Estado. Eis quatro estratégias que pode e deve fazer para aliviar a pressão inflacionista.
Ter um orçamento familiar é uma prática que deve adquirir com ou sem inflação. Pode fazê-lo à mão num caderno específico para o efeito, numa folha de Excel ou até com recurso a plataformas como a portuguesa Boonzi ou a Wally (que já inclui o famoso ChatGPT). Desta forma, vai conseguir gerir e organizar muito melhor as suas despesas e finanças. Só assim vai ter noção do que ganha, gasta e consegue poupar por mês.
Faça o somatório total dos rendimentos que entram no bolo familiar e o mesmo para as despesas (aqui aproveite e assinale o que é essencial e o que não é). No final, faça as contas.
O ideal seria poupar 10% do rendimento do agregado, mas muitas vezes não é possível. Ainda assim, não deixe que isso o desmotive: tente sempre estabelecer objetivos de poupança para ter uma vida financeira o mais saudável possível.
Escolha, procure, pesquise. Não compre nada por impulso, não compre nada sem ver se não há mais barato noutro lado. Estabeleça também limites: não compre algo se achar que o preço do produto está além do razoável e se sabe que encontra mais em conta.
Não se esqueça também de aproveitar descontos, esteja atento às campanhas e promoções. Este é um exercício que vale para qualquer outro item, seja roupa, detergentes, calçado, etc. Se tiver meios para comprar packs quando estão em promoção ou o preço estiver mais baixo, é de ponderar.
Faça também os possíveis para reduzir a fatura da água e eletricidade. Todas as pequenas ações (desligar a torneira, tomar duche em vez de banhos de imersão, reduzir em 1º a temperatura do ar condicionado, desligar os aparelhos que ficam em standby durante a noite sem necessidade, etc) vão influenciar o tamanho da conta no final de cada mês. Veja também se o fornecedor é aquele que lhe oferece melhores condições e faça o esforço para perceber se a tarifa bi-horário não lhe compensa mais do que a simples (ou vice-versa).
O mesmo é válido para a operadora de telecomunicações. Será que usufrui ou precisa mesmo do pacote contratado (velocidade de Internet, o volume de dados móveis, etc). Procure ativamente oportunidades para encurtar despesas.
Às vezes não conseguimos ter a noção do dinheiro que gastamos em pequenas coisas durante o dia-a-dia. São gastos mais contidos, que por vezes deixamos de fora do orçamento familiar.
Portanto, se os conseguir evitar, melhor. Uma maneira de o fazer é criar um teto máximo semanal ou diário. Desta forma, garante que não tem surpresas desagradáveis quando estiver a analisar os gastos mensais.